Chamada para fazer tendas
Uma breve biografia de Ruth Siemens
“Primeiro, eu nunca escolhi fazer tendas - eu não sabia quase nada a respeito. Em vez disso, Deus claramente me chamou para fazer tendas, e assim orientou todo o resto da minha vida em torno dessa abordagem ministerial. Antes de tudo, ele me atraiu para si mesmo e me deu um compromisso com missões.”
Filha de imigrantes que saíram da Ucrânia no começo do século XX, Ruth Siemens nasceu na Califórnia em uma família de dez crianças. Em casa e na igreja, falava alemão e frísio, enquanto na escola aprendeu o inglês. Apesar da pequena comunidade, sua vida foi muito impactada pela cosmovisão missionária de sua igreja que enviou vários missionários para China, Índia e África. Aos 11 anos teve seu encontro com Cristo, se batizando aos 12 anos. A partir daí se tornava cada vez mais ativa, se dedicando a Escola Dominical e ao estabelecimento de um clube da Bíblia no Ensino Médio. Foi nessa época então que através das aulas de Espanhol Ruth ganhou um interesse sobre a América Latina.
Aos 17 anos ingressou na Universidade de Biola onde foi fortemente influenciada pela vida dos professores que viviam o que ensinavam. Ao mesmo tempo percebia um crescente interesse pelo Peru, nesta época um país muito restrito. Foi então que decidiu assinar um cartão de compromisso da InterVarsity Christian Fellowship - IVCF prometendo que serviria no exterior se Deus abrisse a porta. Se sentindo inclinada a tradução da Bíblia se juntou a Wycliffe onde ilustrava cartilhas de leitura e jogos de palavras para os índios mexicanos, ao mesmo tempo que participava de treinamentos linguísticos.
Tudo parecia caminhar perfeitamenta para a jovem Ruth Siemens quando seu sonho desmoronou. Após três cirurgias e uma longa recuperação, ela sabia que nenhuma agência estaria disposta a enviá-la com apenas um de seus pulmões funcionando. Foi quando Ruth decidiu adquirir seu diploma em Língua Inglesa na Universidade da Califórnia e se encontrou em um campo missionário. Em suas próprias palavras ela disse “Um campus secular é um microcosmo de um mundo intercultural e espiritualmente hostil”. Junto com outros cristão implatou o primeiro grupo de Estudo bíblico da IVCF deste campus.
Ao término de sua faculdade, Ruth começou a ensinar em uma escola pública e continuamente se dedicava aos treinamentos do IVCF. Junto com outros professores, deu inicio à uma irmandade cristã, que rapidamente se espalhou com grupos de estudos bíblicos, cafés da manhã evangelísticos e chás, até mesmo uma conferência de fim de semana. Foi então que Deus a surpreendeu.
Um trabalho remunerado no exterior – no Peru. Ruth nunca havia pensando nisso, porque siquer sabia que estes empregos existiam e, de fato, eram muito poucos em 1954! Mesmo com a doença, ela continuava obediente à vontade de Deus e o servindo com muita dedicação. Ruth estava cozinhando para os missionários durante uma conferência da IVCF em Berkeley quando Don Burns, missionário pregador da Wycliffe do Peru, lhe disse que ele e sua esposa estavam orando para que ela fosse ensinar na escola binacional em Lima.
Ruth finalmente chegou ao Peru confiante que Deus a tinha guiado até ali. Apesar de não conhecer nenhum fazedor de tendas e como ser um missionário quando você tinha um emprego secular em tempo integral, ela entendeu a grande importância e necessidade dos fazedores de Tendas ao longo dos 21 anos de ministério no Peru, Brasil, Portugal, Espanha e Áustria. Ainda em Lima, percebeu a necessidade de abordar as pessoas não como missionária, mas como colega, ali ela passou a entender que não gostaria simplesmente de ensinar-lhes o Evangelho, mas que passava a ser para eles um modelo de evangelismo no local de trabalho, o que missionários tradicionais não poderiam prover.
Nesta época se juntou ao IFES (International Fellowship of Evangelical Studentes) associação que, através de Ruth Siemens e Robert Young, chegaria ao Brasil em 1957, hoje entitulada ABUB – Aliança Bíblica Universitária do Brasil. O site da instituição cita seus fundadores como “pioneiros da ABU despertando os estudantes brasileiros a levar a mensagem de Cristo ao meio universitário.” Tanto na América Latina como na Europa, onde Ruth viveu após deixar o Brasil, a formação de estudantes e jovens profissionais para o ministério leigo também os preparava para a “fazer tendas”, que é um ministério leigo multicultural.
Após os 21 anos no exterior, Ruth Siemens retornou aos Estados Unidos cruzando o país mobilizando cristãos para a missão de Deus através da IVFC. Foi quando encontrou diversos estudantes interessados na sua experiência, queriam saber como encontrar emprego no exterior para que pudessem integrar trabalho e testemunho como ela havia feito. Foram 600 nomes! Uma tarefa enorme, com informações limitadas, mas várias pessoas conseguiram emprego como fazedores de tendas. Porém, ela desejava oferecer aconselhamento e treinamento. Dr. Reuben Brooks, chefe de Missões do IVCF, disse: "Você tem um novo ministério - dê um nome e faça um folheto!" Desta maneira foi iniciada a Global Opportunities.
Desde a década de 1970, muitos avanços e desafios tem ocorrido no movimento dos Fazedores de Tendas, mas Ruth Siemens era muito clara ao enfatizar que nem todo cristão com um emprego no exterior é fabricante de tendas. Estes são apenas expatriados cristãos, que tinham pouco ou nenhum ministério em casa ou no exterior. Os fazedores de tendas são empresas autônomas ou profissionais comprometidos com missões e evangelismo transcultural no local de trabalho.
Ruth tinha plena consciência de quem havia lhe guiado, pois jamais imaginara dar inicio a uma agência e impactar a vida de tantos estudantes em diferentes países. “Mas olhando para trás em meus primeiros anos, eu admiro muito que Deus tenha usado a doença para me atrasar nos EUA apenas o tempo suficiente para adicionar duas peças essenciais ao meu treinamento missionário: como iniciar um ministério no campus e como ter um tempo "ministério espiritual no contexto de um tempo integral", trabalho secular. Isso é o que é fazer tendas e o que Deus me levou a fazer.”
Em dezembro de 2005, Ruth Siemens passou para a presença do Senhor, mas deixou muitos frutos e a maneira marcante como enfatizava o chamado do Senhor: “O chamado do Senhor é não geográfico ou de um ministério específico, mas para “estar” com Ele, e para ser enviado para onde Ele quiser e de acordo com sua agenda.”
Leia os textos da Miss Siemens:
Por que Paulo fazia tendas?
Evangelismo no local de trabalho: pescando os que procuram